velhos e novos grilhões
aí
certo dia eu pensei "cansei desta porra. vou largar tudo e viver de
arte. vou vender meus fanzines e viver exclusivamente do que escrevo e
serei feliz". porém com o passar dos meses (deliciosos meses, devo
dizer) fui vendo que a situação não era tão linda assim, que o ato de
vender os fanzines e ter que permanentemente viajar para fazê-lo, por
mais gostoso que fosse, drenava minhas energias de uma
maneira que eu não conseguia escrever direito e também o retorno
financeiro me deixava numa sub-vida (fome, noites na praça, etc). claro
que teve outros fatores que influenciaram, como a quasi-depressão pela
qual passei em BH no fim de 2007, mas isso não tira o peso do meu
fracasso enquanto vendedor-ambulante.
aí veio a idéia: "preciso
arranjar uma forma de ganhar dinheiro com a escrita. já sei, vou virar
acadêmico, virar antropólogo (de todos os tortuosos caminhos da academia
este já era e sempre continuou sendo o único atraente) e finalmente ter
uma renda razoável e liberdade para escrever minhas coisas. vou ser
pago para escrever".
então eu passo os anos na graduação tendo
escrito uma (UMA!) única poesia, ainda no primeiro ano, e uns dois ou
três textos (um dos quais em parceria intelectual) que jamais foram
satisfatoriamente terminados. a academia me suga a energia de tal
maneira que não consigo mais escrever!
daí eu olho pras
eras iniciais do meu blog e vejo como eu era produtivo na época em que
era um infeliz funcionário em um trabalho burocrático... obviamente que
eu tive um baita upgrade de estilo, técnica e erudição. mas naquela
época eu pelo menos escrevia, seja poesia, seja prosa literária, seja
arroubos teórico-filosófico-metafísicos ou mesmo desabafos do fundo do coração... gente, eu mantinha até diário!!!
faz a gente repensar certos pressupostos...
Um comentário:
os movimentos tantos... os impasses, os riscos... liberdade é caminho sem volta. mas onde?
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