quarta-feira, agosto 21, 2013

velhos e novos grilhões

aí certo dia eu pensei "cansei desta porra. vou largar tudo e viver de arte. vou vender meus fanzines e viver exclusivamente do que escrevo e serei feliz". porém com o passar dos meses (deliciosos meses, devo dizer) fui vendo que a situação não era tão linda assim, que o ato de vender os fanzines e ter que permanentemente viajar para fazê-lo, por mais gostoso que fosse, drenava minhas energias de uma maneira que eu não conseguia escrever direito e também o retorno financeiro me deixava numa sub-vida (fome, noites na praça, etc). claro que teve outros fatores que influenciaram, como a quasi-depressão pela qual passei em BH no fim de 2007, mas isso não tira o peso do meu fracasso enquanto vendedor-ambulante.

aí veio a idéia: "preciso arranjar uma forma de ganhar dinheiro com a escrita. já sei, vou virar acadêmico, virar antropólogo (de todos os tortuosos caminhos da academia este já era e sempre continuou sendo o único atraente) e finalmente ter uma renda razoável e liberdade para escrever minhas coisas. vou ser pago para escrever".

então eu passo os anos na graduação tendo escrito uma (UMA!) única poesia, ainda no primeiro ano, e uns dois ou três textos (um dos quais em parceria intelectual) que jamais foram satisfatoriamente terminados. a academia me suga a energia de tal maneira que não consigo mais escrever!

daí eu olho pras eras iniciais do meu blog e vejo como eu era produtivo na época em que era um infeliz funcionário em um trabalho burocrático... obviamente que eu tive um baita upgrade de estilo, técnica e erudição. mas naquela época eu pelo menos escrevia, seja poesia, seja prosa literária, seja arroubos teórico-filosófico-metafísicos ou mesmo desabafos do fundo do coração... gente, eu mantinha até diário!!!

faz a gente repensar certos pressupostos...

Um comentário:

Dani Santos disse...

os movimentos tantos... os impasses, os riscos... liberdade é caminho sem volta. mas onde?