segunda-feira, setembro 15, 2008

Clichês


- diz que me ama.

- hein?

- diz...

- não é algo que se diga
amiga, o sentimento
perde valor quando explícito
fique atenta, bote tento
neste mundo amor é ilícito
é tão imoral que crucifica

- ora, pois, não bobeje,
amor é algo belo, não flagelo
não tenha vergonha
deste grande sol amarelo
deixe que se imponha
tudo que há de bom e me beije.

- bem vejo como és criança
que acreditas nestas asneiras
te beijo porque me dá prazer
não por amor, que besteira.
neste mundo tão blasé
apenas a ilusão avança.

- hah! criança? eu?
em livros te partes...
bem posso reconhecê-los
todos nietzches e sartres...
por que não rompes estes selos
como rompeste o hímen meu?

- Tolices! nada há a romper.
estou no caminho certo.
tu que apenas chafurdas
trilhando o incorreto
caminho das crenças medievais.
ai, quão atrasada está você.

- Estúpido! como ousas?
me chamar de medieval!
estás doido por acaso?
zombar do amor real,
e de mim fazer pouco caso.
ah, vou atrás d'outras cousas!

- Não! por favor não vá!
fui por demais descortês,
mas me arrependo, juro!
perdoe meu jeito inglês
e meu modo perjuro.
deixe-me te alegrar.

- ai tolinho maldito...
bem sabes que te perdôo
mas diga que me ama
qye qyabdi ne vês alças vôo.
e que seja mentira insana,
ainda assim acredito.

- está bem, eu digo
que te amo: eu te amo
satisfeita, anjo dourado?
digo sem desengano:
quero-te sempre a meu lado.
nisto não há perigo.

- obrigada. obrigada... eu também te amo.

3 comentários:

Sr. D disse...

Cada um se ilude com as mentiras que mais lhe convém.
Mas nem sempre estão a favor de sacrificar o gozo pela ilusão.

Alê Quites disse...

de nada, eu diria, na tentativa de mais um engano.

Adorei seu blog. Voltarei!

Participo da comunidade 'Núcleo de Estudos Poéticos(BH)'

Salve!!!

dinha disse...

Diálogo poético número 1:

Quando eu olho em seus olhos
Não consigo descrever o que vejo
Querida, eu te amo.

Ramones

Diálogo poético número 2:

Hoje eu quero apenas
uma pausa de mil compassos
para ver as meninas
e nada mais nos braços
só esse amor assim
descontraído

Paulinho da Viola