quarta-feira, abril 15, 2015

Um violino marrom

o incerto concerto
concreto incesto
lágrima e som

o instrumento vivo
em pautas derivo
canção disforme

ao fim a pausa
que o novo causa
se a canção dorme

terça-feira, abril 14, 2015

NO AMOR E NA GUERRA


a cada gota de melancolia
outro doce na travessa fria
nova dose de dor com gelo
meu coração, nu em pêlo

nada há, entre céus e terra,
que torne possível nesta guerra
uma vitória, um sorriso ou luz;
sequer tocar no que me seduz

é tanto pranto derramado
o suspiro, o arfar do peito em vão
em vão, em vão, ó meu amado

nada há, nada há, pois não há não
nesta guerra, neste amar ensangüentado
o que desligue, que ilumine a escuridão

sexta-feira, agosto 22, 2014

Rondel de Um Novo Ano

(poema de aniversário pra minha maninha Isadora)

Este rondel de um novo ano
da roda que sempre gira
por onde a alma delira
e revira sem desengano

é um canto tão humano
esse que canta a lira
desse rondel de um novo ano
da roda que sempre gira

como um vento minuano
que a alma suspira
mesmo que ela se fira
é um grande circo cigano
esse rondel de um novo ano.

segunda-feira, julho 07, 2014

não à vida regrada:
a sexualidade é sagrada,
o vulgar me agrada

segunda-feira, outubro 14, 2013

Eras Auroras

Essa música que me excita
que me transborda num suspiro
melodia que dança e medita
em fantasia à qual aspiro

vem, desperta memórias tais
de pristinas eras auroras
traz calma, paixão e mais ais
traz luz nas melhores horas

é um som de fala de flores
em fogo fantástico valsando
é um som que fala de amores
em cuja alma expando

sexta-feira, outubro 11, 2013

rendido

esse desejo que me arde
que irrompe sem alarde
que me rói, que me fende
a alma em finas tiras
ao qual meu coração se rende
ao qual cantam as liras

de te puxar para mim
de seu lábio carmesim
de sua língua em minha boca
nossos corpos entrelaçados
como uma casca oca
a flutuar abraçados

derivando em nosso sonho
no fluir mais risonho
esse desejo que me arde
que me rói, que me fende
que irrompe sem alarde
ao qual meu coração se rende

segunda-feira, setembro 09, 2013

Rondel Aos Olhos Negros

Esse grande olhar tão cheio
de melancolia ardente
que me invade de repente
que me enche de anseio


mergulhando, não receio,
como estrela cadente
n'esse grande olhar tão cheio
de melancolia ardente


eu me jogo em seu seio
eu me jogo, sorridente.
vou plantando uma semente
de alegria e de floreio
n'esse grande olhar tão cheio

quinta-feira, agosto 29, 2013

Vinho no Caminho

na estrada passarando
passos passos vou tomando
vinho, sol, chuva e, ah,
já era bom eu me lembrar

nalguma cidade que deixei
noutra idade, já passei
quantas paisagens já vivi
bebendo vinho, vim e vi

caminho, vinho e nenhum plano
passo, paro e me deparo
parado ao lado do piano

entra ano e sai ano
sempre esse momento raro:
dentro em mim um ser humano



quinta-feira, agosto 22, 2013

Conselho-Sono

Seguindo conselho da Lara
co'olho bambeando de sono
antes de dormir dispara
o verso vestid'em outono.
Seguindo o fluxo verbal
a rima já vai se impon'o.

quarta-feira, agosto 21, 2013

velhos e novos grilhões

aí certo dia eu pensei "cansei desta porra. vou largar tudo e viver de arte. vou vender meus fanzines e viver exclusivamente do que escrevo e serei feliz". porém com o passar dos meses (deliciosos meses, devo dizer) fui vendo que a situação não era tão linda assim, que o ato de vender os fanzines e ter que permanentemente viajar para fazê-lo, por mais gostoso que fosse, drenava minhas energias de uma maneira que eu não conseguia escrever direito e também o retorno financeiro me deixava numa sub-vida (fome, noites na praça, etc). claro que teve outros fatores que influenciaram, como a quasi-depressão pela qual passei em BH no fim de 2007, mas isso não tira o peso do meu fracasso enquanto vendedor-ambulante.

aí veio a idéia: "preciso arranjar uma forma de ganhar dinheiro com a escrita. já sei, vou virar acadêmico, virar antropólogo (de todos os tortuosos caminhos da academia este já era e sempre continuou sendo o único atraente) e finalmente ter uma renda razoável e liberdade para escrever minhas coisas. vou ser pago para escrever".

então eu passo os anos na graduação tendo escrito uma (UMA!) única poesia, ainda no primeiro ano, e uns dois ou três textos (um dos quais em parceria intelectual) que jamais foram satisfatoriamente terminados. a academia me suga a energia de tal maneira que não consigo mais escrever!

daí eu olho pras eras iniciais do meu blog e vejo como eu era produtivo na época em que era um infeliz funcionário em um trabalho burocrático... obviamente que eu tive um baita upgrade de estilo, técnica e erudição. mas naquela época eu pelo menos escrevia, seja poesia, seja prosa literária, seja arroubos teórico-filosófico-metafísicos ou mesmo desabafos do fundo do coração... gente, eu mantinha até diário!!!

faz a gente repensar certos pressupostos...

Gaia Amante

o mundo no laço
a roda no eixo
à noite eu passo
emanando desleixo

o mundo ilumina
ruminando eu deixo
a celeste matina
e seu quente beijo

um beijo brilhante
ó Gaia amante
amasso, regaço

um raio, me lanço
um brilho, eu danço
um passo, outro passo

quinta-feira, dezembro 27, 2012

assim de mansinho

passarinho inho inho
canta ali no seu cantinho
cisca, cisca, olha em volta
depois volta pro seu ninho

meu singelo amiguinho
o que faz aqui sozinho?
não me diga que perdeste
o rumo do teu caminho

passarinho, passarinho
meu alegre e bom vizinho
dê-me logo, não enrole
outro gole desse vinho

sábado, agosto 08, 2009

saldo da viagem à minas

algumas poetrixes e um haicai por heresia


POESIANDO

se eu faço uma rima pequenina
pequena pepita cristalina
vejo o mundo enorme, nina



CAMPAINHA

se uma flor abre na janela
de tão singela cor, a flor,
meu corpo todinho acelera



ESPERANÇA

e se por acaso eu topar,
algum dia a caminhar
na rua a estrela do mar



CASA DE MAMÃE

cores, biscoitos, blues
conversa à mesa do chá
um tantão assim de luz




um haicai por heresia
pois no fim das contas
o que conta é poesia

quinta-feira, abril 23, 2009

haicai

entre cores eu caí
pessoas soam flores
borboletas por aí

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

poetrixes

conheci poetrix esses dias... gostei tanto da idéia que eu resolvi pegar vários textos antigos meus... pequenas pérolas perdidas, trechos passáveis enfiados em poesias ruins, e lapidar transformando em poetrix.

eis o que saiu:



Passadopresentefuturo

O presente pressente o futuro
Imerso na ilusão do passado
É tudo um ponto



O relógio ao longe

Descompassado bate
E antes que me mate
Desenho o ponto que lhe tange.



Solve et Coagule

que sirva
sorva e
re-solva



Fugi

O Monte Fuji ia rugindo
Nós fugindo
Ele fujindo



Minha alma, desarmada

Canta e geme
Grita e treme
E se desfaz



“Tea or Tears?”, perguntou a tecelã

debruçada em seu tear
tecendo tramas
terços textos


Eros & Thanatos

Venha me libertar
Me beije
Corte minha cabeça


Fundição
Laylah lá fora chora por mim.
Dentro outra noite gargalha.
Minh`alma dançando no fio da navalha.

Fecho a janela, me tranco em mim
Porém ainda gotas me tocam,
invadem, me alcançam em minha toca.



Relações Interpessoais

O ser humano precisa
De outro para ser
Humano



Que faço eu de minha alma?

Tão volúvel
Tão volátil
Jamais fútil



Pedra Rosa

A batucada dos tambores repica no meu peito
Voltas e cores pelo ar
ClAmores d’alma suspirosa



Oh Vasto Mundo!

A Senhora com a Foice
Me persegue, me ilumina
Me ataca e me fascina



Frase de Papel de Bala

Hoje à tarde
Bala caída no chão
“eu me rendo, você venceu”



um ser comum

um lugar qualquer
em tempo algum
nem um lapso sequer



minha vida se acha (ou se perde)

entre linhas mortas
retas tortas
e tortas de limão



Socorro!

A vida que jorra neste instante
Flutuando, pluma ao vento,
Cabelo de cavaleiro andante



A primavera

Quase um haikai
Tão cordial
Nesse vai-não-vai



Dê um passo adiante

Prédio alto, braços abertos
Bem no topo, olhe para o sol
Seja a essência do sol



Embriagado em passos tortos

Passos largos
Espaçados
E o espaço se dilui



(falam mais que palavras)

um gesto
um olhar
uma sensação pelo ar

côco da BR

já é de tarde
tô sentado aqui na grama
puxa vida, que desgrama
só queria uma cama
pra mó de podê deitá

tô embolado
eu tô todo esfomeado
tô ficando aperreado
invento palavreado
pra mó de podê rimá

e vou no côco
rimando sem brincadeira
fazendo uma pulseira
mangueando a praça inteira
pra mó de podê ganhá

ganhá dinheiro
amigo, sem fulerage,
pra comprá uma passage
ir em frente na viage
pra mó de podê chegá

chegá em casa
encontrá os meu irmão
meus manos do coração
porque nesta solidão
não dá mais para ficá

pseudo-hai kais para são paulo

toda vez que parto
de São Paulo, deixo outra
parte de mim


:::



São Paulo, cidade
de sonhos e ilusões que
são realidade

sábado, novembro 01, 2008

não quero escrever poema de amor
ou de dor, não quero mais
poema sem esmero.
nem que seja sincero.
não vou mais compor meus ais,
nossos corpos lado a lado.
não, não quero mais
poema de amor mal-rimado.
fui escrever, terno,
um poema pra você.
começou a chover
no meu caderno

segunda-feira, setembro 15, 2008

Clichês


- diz que me ama.

- hein?

- diz...

- não é algo que se diga
amiga, o sentimento
perde valor quando explícito
fique atenta, bote tento
neste mundo amor é ilícito
é tão imoral que crucifica

- ora, pois, não bobeje,
amor é algo belo, não flagelo
não tenha vergonha
deste grande sol amarelo
deixe que se imponha
tudo que há de bom e me beije.

- bem vejo como és criança
que acreditas nestas asneiras
te beijo porque me dá prazer
não por amor, que besteira.
neste mundo tão blasé
apenas a ilusão avança.

- hah! criança? eu?
em livros te partes...
bem posso reconhecê-los
todos nietzches e sartres...
por que não rompes estes selos
como rompeste o hímen meu?

- Tolices! nada há a romper.
estou no caminho certo.
tu que apenas chafurdas
trilhando o incorreto
caminho das crenças medievais.
ai, quão atrasada está você.

- Estúpido! como ousas?
me chamar de medieval!
estás doido por acaso?
zombar do amor real,
e de mim fazer pouco caso.
ah, vou atrás d'outras cousas!

- Não! por favor não vá!
fui por demais descortês,
mas me arrependo, juro!
perdoe meu jeito inglês
e meu modo perjuro.
deixe-me te alegrar.

- ai tolinho maldito...
bem sabes que te perdôo
mas diga que me ama
qye qyabdi ne vês alças vôo.
e que seja mentira insana,
ainda assim acredito.

- está bem, eu digo
que te amo: eu te amo
satisfeita, anjo dourado?
digo sem desengano:
quero-te sempre a meu lado.
nisto não há perigo.

- obrigada. obrigada... eu também te amo.

Vinhos de Rosas

(escrito em conjunto com Julinha Ribeiro. cores:
Lênon
Juh)


papel de bala no chão
me abala o coração
estala e intercala
sem sentido, sem razão.
nova trova, nova fala:
crie som em um clarão.


inspicriando
...sempre
..cantando
.....e
...nunca
......parando


ciranda ciranda
cirandando
valsadançando
siga o baile
das palavras
e que surjam
belas lavras


palavras-flores
jardim-poesias
jardineiros-poetas

compara-comparando

brote no aroma
desta canção


a Roma! a Roma!
a todos os quatro cantos
aos infinitos recantos
enviemos nossos cantos
tão cheios de encantos
tão santos prantos
tão alegres acalantos


somos incentivados
aos cantos
.....acalantos
.....prantos

o engraçado
embriagado
.....e
misturado

vence em Roma
......o
....mais
....amado
......e
....pouco
...falado

que nossas palavras
sejam carinhos
indiquem caminhos

e que a Rosa
por nós regada
seja vistosa:
um tudo-nada


jardineiros
amados
.........são
articulados
.ao
..todo
...carinho
seja no
.nada,
..tudo
...no
....bem
.....ou
......mal
amados

nada-tudo
contrastes
bem igualados

sentidos
amigos, amados
que
nada ou tudo
sejam bem
lindos
no mundo
desorientados

amores são rosas
imagem velha, eu sei
beleza, perfume...
............espinhos

porém o prazer
- cor e odor -
supera em muito a dor
do corte que se possa fazer

por isso cultivamos
aquilo que pode nos ferir
pois no fundo sabemos
que o sangue nos fará rir


olhares tristonhos
olhares risonhos

..........a Flor
.............é
..........isso!

mais do que
..........isso!

somos flores!
somos vida!

espinhos
cores

pétalas
lágrimas

que do sangue
.............se faça
....................um
belo vinho

sábado, setembro 13, 2008

Til Deg

(o nome tá em norueguês só pra ser chique. não confundir com música homônima - muito boa, por sinal - da banda Gåte)




e se eu te dissesse
para dar-me tua mão
e vir comigo?

e se eu te dissesse
que sou aquele que procuras
a tanto tempo?

e se eu te dissesse...?
ah, te direi, te direi.

parecerá mentira, sim eu sei.
mas te direi.
te digo agora:

dê me tua mão
e venha comigo
pois o meu amor
vai além do de um irmão
ou de um amigo.

sinta as batidas de meu coração
e saiba que não é ilusão
quando eu digo
que meu amor ascende em esplendor
por ti.

Do Jardim

cantando desco ao jardim.
o sol ilumina, bela tarde.
flores rosas verdes assim:
multidão de cor e alarde.

entre as plantas um regato,
onde brincavam nossos sonhos,
e com pudor e com recato
passamos dias risonhos.

lá nos vimos muitas vezes
lá dormimos sobre redes
lá a felicidade foi plena

porém hoje esse recanto
que tanto ouviu nosso canto
ouve uma ária mais amena.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Beije o Mundo

a loucura o que procuras?
amor!
não se pergunte o caminho,
construa-o!

a sabedoria e a loucura
teus sonhos, amor, teus sonhos
apenas viva!
mantenha a chama do peito acesa,
princesa!

flutue nos caminhos da vida
seja uma pluma
seja o fluxo
dirija o fluxo
e deixe o fluxo te levar

beije o mundo
desca ao profundo
de todo pensamento
tudo que te dê alento

quarta-feira, setembro 03, 2008

Da Saudade v.2.0

(modificações feitas por Lucas Lisboa)

Numa casa bem alta no morro
entre pastos e matos, discorro
no papel a pungente saudade
que já sinto da grande cidade

o trem passa e depois são os pássaros,
que distraem-me das letras e traços
enchem tudo de música e cor
mas realmente prefiro, meu amor,

o barulho: guitarras torcidas
o sabor bom de pizzas dormidas
o embalado do ritmo industrial

mas eu mesmo desejo esse Dom
de não ter diferença de Tom
do Concreto para o mais Surreal

segunda-feira, julho 07, 2008

Canção de Uma Manhã Preguiçosa

abro os olhos,
o sol já sobe.
teu cheiro...

que preguiça de levantar!
e sentas à janela,
fumando, tão singela.
cigarro e incenso
se misturam pelo ar
e ah!
que preguiça de levantar!

um "bom dia" cristalino
cantam os carros
lá embaixo...

que preguiça de levantar!
estamos no quinto andar
e tu, nua, sentas
na janela a fumar.
mais um gole de whisky
e ah!
que preguiça de levantar!

me pergunto a quanto tempo
estás aí parada
pelada...

copo e cigarro na mão
olhos na multidão
que embaixo passa

estendo o braço e chamo
um riso belo e vens
e ah!
que preguiça de levantar!

quinta-feira, junho 26, 2008

A Moça dos Cabelos Azuis

fui uma visão fugaz,
encontro cheio de luz,
quando o jovem rapaz
certo dia a viajar
encontrou no além-mar
a moça dos cabelos azuis.

um piercing enfeitava
o sorriso pleno de luz
que espontâneo brotava
em suas faces serenas
de feições tão amenas
da moça dos cabelos azuis.

foi uma hora tão breve,
instante repleto de luz,
deixou o coração leve,
o mundo em alto-astral.
pois como pode haver o mal,
se há a moça de cabelos azuis?

as palavras pronunciadas,
todas sílabas de luz,
poucas porém guardadas
assim como o rosto de fada.
pois será sempre lembrada
a moça dos cabelos azuis.

Do Trem

ao longe o sol desce
e o céu escurece
mas o trem segue
vale após túnel

árvores e postes correm
e os minutos escorrem
enquanto o trem segue
túnel após vale

ali vai tanta gente
tanta história pungente
enquanto o trem segue
montanha após vale

mesmo quando chegamos
e nos aconchegamos
sempre o trem segue
luz após túnel

quarta-feira, junho 25, 2008

A Folha que Folia

uma folha
uma singela folha
folia
feliz e sorridente
entre os aldeões

ninguém lhe dava atenção
ou sequer fazia menção
de tirá-la para dançar

mas ali continuava ela
tão contente, tão donzela
a folha de maracujá

"não quero saber do relento
e nem me fale em sofrimento
eu quero apenas bailar.

aqui não existe agonia,
apenas gozo", dizia
a folha de maracujá

aquela folha
aquela singela folha
que folia
feliz e sorridente
entre os aldeões

Da Saudade

em uma casa no alto do morro
entre pastos e matos, discorro
sobre a pungente saudade
que sinto da grande cidade

um trem passa e os pássaros, ai,
como este colibri que me distrai,
enchem tudo de música e cor
mas eu realmente prefiro, amor,

o som das guitarras distorcidas
o sabor das pizzas amanhecidas
o embalo do ritmo industrial

mas especialmente aquele dom
de não haver diferença de tom
entre o concreto e o surreal

quinta-feira, abril 24, 2008

só porque é dia 23:


quinta-feira, abril 17, 2008

Despedida Prematura

vai chover.
as folhas caem, outonais,
o céu escurece e minha paz,
você,
disse que vai ligar e eu espero.
escrevo versos sem esmero
nas folhas
espalhadas sobre a mesa,
caindo com firmeza.
recolha-as.
gotas de lágrimas arbóreas,
espantando as senhoras...
correm.
nuvem no céu escurece,
improviso uma prece
jovem.
a tarde recém começou,
mal descobri o que sou.
vai chover.
as lágrimas caem em paz.
ajoelho-me onde jaz
você.

sábado, fevereiro 23, 2008

De Hedonis

No templo verde da lagoa
um sentimento muito leve se apregoa.
No tempo em que cresce a raíz,
Dionísio, relâmpago, voz: sê feliz!

No ermo da cidade adormecida
entre prédios preparo uma descida
da rua da urbe à rua da alma,
rios de asfalto, sentido e, calma,

nada há a temer esta noite,
ainda que o vento forte açoite,
apenas o nobre Hedonis espera.

com seus olhos brilhantes de pantera
o fundo de minh'alma ele agita:
prazer e alegria são de ouro pepita!

domingo, dezembro 23, 2007

Embriagai-vos

(esta NÃO é minha... quem dera fosse. é de um gênio chamado Charles Boudelaire. apreciem sem moderação.)

Embriagai-vos

Há que estar sempre embriagado. Tudo está nisto: é a única questão. Para não sentir o terrível fardo do Tempo que vos dilacera os ombros e os encurva para a terra, embriagai-vos sem cessar é preciso.

Mas de quê? De vinho, poesia ou virtude, como achardes melhor.

Mas embriagai-vos.

E se às vezes, nas escadarias de um palácio, na verde relva de um barranco, na solidão de seu quarto, você acordar com a embriaguez já diminuída ou sumida, pergutem ao relógio, ao vento, à vaga, às estrelas, a tudo que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntem que horas são; e o relógio, o vento, a vaga, as estrelas, as aves lhe responderão: "É hora de embriagai-vos! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriagaivos; sem cessar embriagai-vos! De vinho, poesia ou virtude, como achardes melhor".

quarta-feira, dezembro 19, 2007

What a Boring World!

mais uma música dos Neuromantes. na verdade não tá pronta ainda. faltam mais algumas estrofes.

^^

Letra: Danilo Luís Faria / Lênon Kramer von Bischofshhausen
Música: Lênon Kramer von Bischofshhausen

What a Boring World!

late at morning
holy crap!
life is boring
and I'm tired to rest

smoking a cigarret
'couse I think it's cool
with something in my mouth
don't need to talk with someone else

what a boring world!
what a boring world!
what a boring world
around.

see the city's streets
in my neigborhood
brainless minds
living just for food

sitting at the bus stop
just waiting
for the time
to shake body with the crowd

what a boring world!
what a boring world!
what a boring world
around.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Why do we need a home at all?

musiquinha nova d'Os Neuromantes (surgida no ensaio de ontem):
letra - Danillo Luis Faria / Lênon Kramer von Bischofshhausen
música - Lênon Kramer von Bischofshhausen



"long way to hooooome..."
-hey! wait!
-what?
-we don't have a home at all...
-yeah... that's right...


we don't have a home at all
'couse we have this fucking town
when we came from work at night
we go to a freind's hive

mama and papa want us home
oh please just leave me alone
they use to say that family's nice
oh, come on, give it a try!

we don't like they call us hypes
'couse we don't sell works at night
we don't sleep in streets or alleys
'couse we have some fucking allies!!!

when we see that it's morning
we can't think that night was boring
so we look to the working guys
oh, our life is paradise!!!

terça-feira, outubro 30, 2007

copo

(F7+ Dm)
um copo de coca bem gelada agora me fará bem.
um pouco vazio o corpo frio e a meu lado alguém
(A7 D E/D D F)
o que será da minha vida se não se fecha esta ferida?

(F7+ Dm)
lá fora chove, o tempo corre, o que será de mim?
o vento forte, no meu peito um corte carmesim
(A7 D E/D D F)
se não consigo resistir, não tem outro jeito, eu vou partir.

solo:
(F7+ A7 C G Em)

refrão:
(F D E)
sentado na janela
vendo o trânsito passar
minha alma se esfacela
enquanto eu tento respirar
se ao menos eu tivesse
uma garrafa de conhaque
então eu lavaria
toda essa mágoa tênue que me assola, desconsola e descontrola.


(falta escrever as duas estrofes finais da música)

quinta-feira, outubro 25, 2007

Beat Bits

Desperte!
a noite cai, as estrelas começam a brilhar. o caos dança, ácido, é o sabor da rede digital. ando ao sabor da realidade virtual.
zero
um
um
zero
bits de informação zanzando pelo cérebro
...
somos os beats da era digital.
nós sabemos que o zero é igual ao um.
somos os magos.
abrimos a caixa quotidianamanete, sempre fazendo a opção pelo universo que queremos.
fazendo escolhas, criamos o universo.
não existe o impossível, neste passeio pelo mundo.
ao colapsar do espaço-tempo compreendemos que é tudo um ponto. passadopresentefuturo cirandando loucamente em todas as maneiras possíveis.
nossa vontade é a espátula com que moldamos a nossa realidade.
você é parte de nós.
nós somos deus.

Ponto

negro líquido lânguido
fluindo garganta abaixo
enquanto eu encaixo,
gota a gota, um frígido
sentido de falta.

nesta noite alta
a corrosão espectral que vem
me arrebatar para longe,
e um suspiro que me foge
leva consigo alguém.

amor! que será da vida
se a cada vez que respiro
ou ando, caio e me firo,
se tudo que recebo na lida
é sempre o mesmo

clangor a esmo
o relógio ao longe
descompassado bate
e antes que me mate
desenho o ponto que lhe tange.